terça-feira, 11 de outubro de 2016
O GRANDE LEBOWSKY- DECODIFICANDO OS PERSONAGENS
Vendo os filmes dos irmãos Coen, sempre tive a sensação de que eles tem um significado maior. Alguma mensagem grande que fica no ar, e é sempre fascinante tentar descobrir sobre o que eles estão falando. Eles são mestres nessa fina arte de passar a mensagem de uma maneira sutil, mas tão sutil, que você pode acabar perdendo se ficar muito concentrado nas ótimas atuações em seus filmes.
Recentemente revendo o "O Grande Lebowski", me veio a ideia de que cada personagem do filme representa uma determinada camada social, ou elemento social por assim dizer. E as relações entre eles são quase que esses elementos dialogando uns com os outros. Claro que eu já tinha visto o filme muitas outras vezes, mas isso só me veio recentemente. Por isso é sempre bom rever seus filmes preferidos milhares de vezes.
THE DUDE
O "Dude", ou "Cara", na versão em português, representa o revolucionário. Aquele cara que achava que iria mudar o mundo nos anos 70, caiu em total desgraça ao ver seu sonho ser destruído nos anos 80, e nos anos 90, época do filme, nada mais é do que uma sombra patética de algo que poderia ser mais nunca foi. Ele é um potencial não realizado vivo. Sua cabeça ainda está no passado. Suas referências são de 20 anos atrás. Ele não tem mais causa, não tem mais revolução, mas se recusa a se adaptar a novos tempos. Tudo que lhe resta agora é se alienar com um jogo de boliche.
Uma vez eu vi uma entrevista com o Geroge Harrinson dos beatles, onde ele dizia que inicialmente, ficou empolgado ao saber do movimento "Woodstock". Ele chegou ir ao movimento, pensando que encontraria pessoas tendo tendo insights artísticos, mas ao invés disso, encontrou apenas um bando de jovens drogados. O Dude representa o refugo dessa época. Também o motivo pelo qual seus ideias não se realizaram. Eles estavam simplesmente drogados demais para fazerem qualquer tipo de revolução. Ou talvez para realmente mudar as coisas, seria preciso uma abordagem mais ativa, ao invés de simplesmente viver na "paz e amor". Talvez as drogas tenham quebrado a sua auto estima de uma maneira que não os fizesse ver como eles eram (e ainda são) necessários no mundo.
WALTER
Walter representa o governo, e seu braço armado, o exército. Ele é que toma as decisões do grupo, não importa quantas vezes ele vacile, quantas vezes se mostre totalmente incapaz de liderar, ele continua liderando. Exatamente como nossos políticos. Sua retórica, sua pose, tudo é falso. Suas certezas são todas falhas. Seus planos nunca dão certo. Pode ter existido um tempo no passado em que as pessoas confiavam em seus governantes, mas isso ficou para trás. Não confiamos em nossos governantes. No fundo sabemos que são palhaços e que só fingem que sabem o que fazer o tempo todo. O governo também não aceita protestos nem ser contrariado. Então se você fizer algo que ele não gosta (mesmo que seja pisar um pouco numa linha) Ele vai puxar uma arma na sua cara e ameaçar atirar. O governo, assim como Walter, é "quem se importa com as regras". Ele também é responsável pela segurança de seus cidadãos. Por isso quando eles são ameaçados por algum fator externo, é ele quem parte pra briga. Nem Dude nem Donny tem ação nenhuma na briga contra os niilistas. Eles simplesmente ficam lá parados enquanto Walter os defende. Walter também se intromete muito mais do que deveria no acordo de Dude com Lebowsy. E em uma cena que eles falam sobre o dinheiro, ele diz que "NÓS" vamos ficar com ele.
Donny
Donny representa todos nós. Ele é o povo. As pessoas comuns. Completamente alienado de tudo que acontece a sua volta. Ele nunca entende todo o esquema, apenas pega pedaços da história no ar. Sempre que tenta tomar parte em alguma coisa, é ordenado que cale a boca pelo governo. Ele não precisa saber de nada. Ele é como uma criança que entra no meio de um filme. Ele está "fora do seu elemento". O povo, ou todos nós, somos quem está na pior situação na coisa toda. O revolucionário está bem do lado vendo o governo nos excluir, mas não pode fazer nada para nos ajudar. O governo nos trata como merda assim como Walter trata Donny, a não ser no momento em que somos ameaçados. Nada como um país estrangeiro atacando, para que de repente todos nos tornarmos patriotas e adoremos nosso governo. Essa é uma das formas pela qual o governo justifica sua existência. O governo justifica sua existência afirmando que nos defenderá de ameaças. Não só externas, como internas. É ele quem nos salvará da violência, da fome. Quase todos discurso de um político começa relatando problemas. O governo pode passar a vida excluindo e massacrando seus cidadãos, mas precisamos dele, porque é ele que vai nos defender. Por esse motivo um dos únicos momento do filme em que Walter não manda Donny calar a boca, é pouco antes do ataque dos niilistas. Na verdade ele o trata bem, e está preocupado com sua segurança. Mas como novamente, o governo falha, nós, o povo, ou Donny, vamos morrer. Vamos acabar sendo pegos no fogo cruzado de algum conflito que não entendemos. Donny prevê o nosso destino.
Lebowsky
Depois que a sociedade caiu pela falha da revolução, depois que o governo caiu pelas mentiras, o que sobra para nós? A única coisa com que podemos contar somos nós mesmos. Devemos vencer na vida como ela é, sem esperar nada de ninguém. Ninguém vai nos ajudar com nossas limitações. Lebowsky é o polo oposto e o inverso de Dude. Se o Dude se afastou da sociedade demais, Lebowsky acreditou demais em suas promessas. Primeiro o vemos como um homem rico e bem sucedido que venceu na vida real apesar de uma deficiência. Mas, ao sabermos por Maude que ele não era rico, e na verdade era sustentado por ela, essa ideia cai por terra. Entendo isso como uma ilusão. Na sociedade pós anos 80, a sonho das pessoas eram ser como Lebowsky. Vencer na vida pelo esforço próprio. Ser rico era o principal objetivo, e isso seria possível com um pouco de esforço e dedicação. Mas é uma mentira. Mais um beco sem saída. Lebowsy denuncia a mentira do dinheiro assim como Walter denuncia a mentira do governo. Correr atrás de dinheiro nos trará apenas dor, puxa sacos, e relacionamentos vazios. Lebowsy e Bonnie nem sequer aparecem juntos em uma única cena do filme.
Maude
Ela representa arte e sexo. Os dois elementos principais da quase revolução dos anos 70. O fio de esperança. O que a revolução poderia ter sido se não fossem pela má influência das drogas. Ela é o que o revolucionário precisa se lembrar. O significado real da revolução. A união dela com o revolucionário traz esperança no futuro. A arte e o sexo livres da má influência da alienação, das drogas, do controle e do dinheiro pode ser o melhor caminho para o futuro. Uma criança que irá nascer representa o futuro.
A arte de Maude é repleta de referências sexuais, no entanto ela parece não gostar de filmes pornôs. Filmes pornôs são a mercantilização do sexo.
O filme todo é uma ode a decadência na minha interpretação. A decadência da sociedade, do governo, e etc.
Por hoje é só, amiguinhos! O que acharam? Comentem!
DJ.
terça-feira, 26 de julho de 2016
MEU REVIEW DE CAÇAFANTASMAS (Spoilers)
Primeiro que tudo, Os caça-fantasmas na minha infância eram MUITO importantes. Pra mim era no mesmo nível do Indiana Jones ou do Star Wars. Eu AMAVA aquele negócio. Eu construía mochila de prótons com caixas de papelão e armadilhas com caixas de sapatos. Eu queria ser o Bill Murray e muitas vezes o imitava conscientemente na vida real.
Ai veio o remake feminino e as polêmicas, como fã do original, eu preferia que o filme fosse uma continuação, com os velhos heróis treinando uma nova geração (que lógico poderia incluir mulheres) em vez de um remake estilo "reboot".
Apesar disso eu me mantive confiante esperançoso no filme por um único motivo, eu havia gostado MUITO do filme "Missão madrinha de casamento" do Paul Feig. Dessa forma, basicamente com o mesmo diretor, e as mesmas duas atrizes principais, eu tinha esperança de que o Remake seria pelo menos engraçado.
Assistido o filme, sim ele é engraçado. Eu realmente ri em vários momentos e me fazer rir em filmes está cada vez mais difícil. Eu adoro esse tipo de comédia de diálogos improvisados que a Melissa McCarty e a Kristen Wiig fazem tão bem. (E são mesmo elas duas que seguram a coisa toda, a Loira as vezes é meio irritante e a Leslie Jones poderia ter tido mais oportunidades) O Chris Hemsworh na minha opinião também estava surpreendentemente engraçado. Pra um filme de comédia isso deve ser o mais importante não é?
Outra coisa que eu gostei foi a parte técnica no que diz respeito a construção dos equipamentos do filme e a conversa pseudo- científica. Inicialmente tinha me incomodado um pouco os designs das mochilas, mas no filme em acho que funcionou. Estava especialmente preocupado com o efeito especial do raio de prótons estava curiosos em com eles iam fazer isso já que era uma das coisas que eu mais gostava na minha infância. Gostei do resultado, eles foram bem respeitosos ao original nesse ponto, não inventaram muito, até o feito sonoro estava quase igual.
Adorei como eles criaram novas dinâmicas na parte de pegar os fantasmas em si. Acho que eles tomaram algumas ideias do jogo dos caça-fantasmas. O jogo nem sempre seguia o esquema do filme onde o fantasma tem que ser preso e sugado para a armadilha. As vezes os fantasmas eram simplesmente incinerados pelo raio, e o raio tinha a função de carregar os fantasmas pra um determinado lugar.
Quanto ao design dos fantasmas eu não gostei nos trailers e continuei não gostando no filme. Ainda achei colorido demais, azul demais, e cartonizado demais em aguns momentos. Principalmente no fantasma da cena do show de rock. Aquele ali quase parece um fantasma do filme do scooby doo. Acho que no original o único fantasma cartonizado e engraçado era o geléia, e acho que els deveriam ter continuado assim. Claro que tinha o Sr. Stay Puft, mas ele não era bem um fantasma, era mais uma manifestação física. O fantasma que parece o Jack do "Estranho mundo de jack", por exemplo, ficou fora do design ideal pra mim. No caça-fantasmas original tinham momentos aterrorizantes com fantasmas feios mesmo, coisa de filme de terror.
Como acontece em muitos filmes de hoje em dia, o problema maior desse pra mim foi o vilão fraco. Embora aquele ator seja interessante, ele não tinha nenhum tipo de background fantasmagórico que o desse um pouco mais de força. Era só um cara qe sofreu bullyng basicamente.
Vi algumas opiniões que criticaram o filme por ser muito parecido com o original. Isso não me incomodou muito. Mas incomodou o fato de o final ter parecido algo meio burocrático, algo que tinha que acontecer, simplesmente. E também muito rápido. Se não fosse aquela cena da Melissa salvando a Kristem do buraco teria sido muito vazio. E se a parte da destruição do monstro tivesse sido melhor, teria deixado a parte do resgate do portal melhor também.
Resumindo, acho que a primeira metade, a preparação do grupo, construção dos equipamentos, etc foi bem melhor que o desfecho e a resolução do problema. O desfecho ficou meio imprensado e compacto.
DJ
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