sexta-feira, 7 de março de 2014

O JOGUINHO DO MAURÍCIO


     E ai pessoas! Este Post vem sendo escrito na minha mente já a algum tempo e agora devido a acalorada discussão no Facebook promovida pelo grande JJ Marreiro,  decidi finalmente escrevê-lo e compartilhar um pouco da minha opinião a respeito dessa coisa toda do nosso amigo Maurício. (Estou falando do Maurício de Sousa!) rere
      Primeiro gostaria de dizer que assim como boa parte das crianças que gostam de quadrinhos no Brasil, a primeira coisa que li foi turma da Mônica. Eu li muito, pois tinha assinatura, e acredito que a Turma da Mônica esteja no meu DNA de quadrinhos por assim dizer.  Mas eu não pude deixar de questionar algumas coisas mais racionais a respeito disso.
       Para a grande maioria das pessoas sucesso comercial é igual sucesso. Se você vende muito, você é bom e continua trabalhando, mesmo que você seja o Rob Liefeld, o Michel Teló ou o Michael Bay.

     Pensando sobre essa coisa do Maurício de Sousa, me veio a cabeça um filme que já é a segunda vez que eu uso como exemplo, rs...  Mas é porque ele pra mim explica algo em torno dessa situação.
      O filme é "Wall Street" de Oliver Stone (O original de 1987). Nesse filme nos somos levados a explorar um pouco das motivações por trás de pessoas muito ricas e poderosas. O filme mostra um cara que mesmo depois de já absurdamente rico, continua trabalhando para ganhar mais dinheiro. Acredito que seja algo parecido que acontece com o Maurício.
Veja bem:  Dinheiro pra você e pra mim não significa a mesma coisa que significa para o Maurício de Sousa. Pra mim e você, significa principalmente algo que queremos e ainda não temos, como um carro, ou um carro melhor, uma casa, possibilidade de viajar, de poder sustentar os filhos pra quem tem ou quer ter, possibilidade de ter tempo livre, etc. Algo que queremos e não podemos ter. Algo material.
       Para as pessoas absurdamente ricas que já tem tudo que poderiam querer, o dinheiro não quer dizer isso. Ele perde seu significado, seu propósito primeiro, ele vira outra coisa.
       No filme, quando o personagem de Michael Douglas é confrontado com a pergunta de:  "O quanto é suficiente? " Será que ele precisa de mais uma mansão? Mais um carro? Mais um helicóptero? Não.

É UM JOGO.

     
 Ganhar dinheiro a partir daí se torna um jogo. Um jogo no sentido literal da palavra. Maurício de Sousa e ricos desse mesmo nível vivem a vida como um grande "Banco imobiliário", um grande "Age of Empires", ou "Warcraft", ou qualquer outro jogo onde você está comandando um império e tudo que importa é que esse império fique maior. Tudo que importa é que aquele número cresça, mesmo que o crescimento dele não signifique mais mudança nenhuma na sua vida.  O que aliás é o mesmo que acontece quando você joga um jogo em seu videogame ou computador. A subida daquele número de pontos, de dinheiro, ou de nível de personagem nada vai mudar a sua vida, mas você quer fazê-lo crescer, só pelo prazer de ver crescer.

         Eu acredito que um dia o Maurício de Sousa começou o que fez pela arte, mas algum ponto no meio do caminho, quando ele viu que a coisa estava dando lucro, ele passou de artista a empresário. Ficou assim desde meados dos anos 70 até os dias de hoje. Em 2009, então, por iniciativa do Sidney Gusman, foi acontecer o primeira pequena mudança de perspectiva na forma de ver a Turma da Mônica, com os MSPs. De 1970 a 2009 ele quase não mexeu no time, porque empresarialmente e futebolisticamente falando, em time que está ganhando não se mexe. E esse time ganhou muito, não foi pouco não. Ele teve atualizações temporais, versões animadas, filmes, jogos, etc e tal, mas nenhuma mudança mais significativa.  E teve a turma da Mônica Jovem, que longe de ser uma iniciativa artística, foi mais mercadológica, com um claro objetivo de não perder espaço pra os mangás. Dê ao público o que ele quer, é a primeira regra, não é?

        Aqui gostaria de abrir um parêntese sobre outra teoria que tenho sobre a coisa dos MSPs. Eu acho que boa parte do sucesso deles é devido ao fato de eles serem recebidos pelo público em comparação a séries regulares da turma da Mônica que vemos a anos e anos. Afinal o público que compra os MSPS as Graphic Novels são o público das séries regulares.  Series estas que sempre foram feitas de roteiros simples e infantis, sem maior conteúdo, em sua grande maioria. Claro, você vai dizer: Elas são feitas pra crianças. Bone do Jeff Smith pra mim, também é pra crianças. As HQs da Mônica poderiam ser melhores mesmo sendo pra crianças, esse é meu ponto. Chego a dizer que sendo o maio sucesso editorial do país, as vezes acho que a turma da Mônica está meio que nivelando por baixo os leitores de quadrinhos, acostumando-os talvez a não pensar muito. Cada HQ da Mônica pode ser a primeira que você leu, pode ser a última, não vai fazer diferença. É coisa pra ler e esquecer 10 minutos depois.
       Em contrapartida a isso eu não pude deixa de me colocar no Lugar dele em ocasião dessas discussões. E a primeira coisa que eu faria se eu alcançasse um sucesso desse tamanho com uma coisa assim, seria não trabalhar mais nessa coisa, pelo menos até eu achar que minha contribuição a isso foi dada. Eu aproveitaria o espaço e o lucro para produzir outras ideias, outras coisas, quem sabe diferentes, quem sabe não tão diferentes, mas outras. Afinal eu já tenho milhões de pessoas como meu público.

      Todas as pessoas que são criativas tem várias ideias na cabeça que querem produzir, muito mais do que poderiam realmente produzir em suas vidas. Você escolhe uma coisa, a que gosta mais, e faz, mas as outras estão ali, você pensa nelas de vez em quando, você faz uma fila delas na sua cabeça pensando: "Quando terminar isso, vou fazer isso aqui", quem é criativo sabe do que estou falando.

       Eu não consigo imaginar uma mente criativa e imaginativa se estagnando por mais de 30 anos numa coisa só, pra ficar atrás da máquina registradora ouvindo o "chi-ching".

       É claro que as pessoas sempre tiram as outras por si, esse é o meu parâmetro de comparação comigo mesmo. Mas quem sabe pra ele sucesso seja ser rico. Esse era o objetivo. Ou não. Ele mudou o objetivo ao passar do tempo.

       Sempre me intriguei em ver como as pessoas encaram as coisas de forma diferente. Sempre penso numa coisa que li sobre o Robert Crumb quando essas discussões aparecem. Robert Crumb teve uma reação um pouco diferente quando as pessoas começaram a "gostar" das coisas que ele fazia, e começou a vender um pouco mais.
        Ele começou a exagerar. Começou a ser mais sujo e grotesco ainda do que já era, com aquelas fantasias sexuais loucas e coisas do tipo. Ele estava testando as pessoas. Queria saber até onde elas iam com aquilo. ele pensou: "Ah então você gosta de mim não é? Então vamos ver o que você acha disso!"



        Pessoas são diferentes, talvez essa seja a conclusão.
DJ

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