(Mas não sabia a quem perguntar!)
Por Diego J.
Acho que o "verme" da ideia do que veio a ser o Oigo, veio a mim quando eu estava fazendo cursinho, no colégio Evolutivo, aqui em Fortaleza. Eu já tinha tentado vestibular uma vez, e não tinha passado. Estava por volta dos 16-17 anos. O período entre o terceiro ano e a minha entrada na faculdade, que foi o mais depressivo e solitário da minha vida. Foi daí que o personagem que viria a ser o Oigo nasceu. Eu tinha criado esse personagem, que era um cara com a jaqueta do kaneda, um boné cobrindo o cabelo desgrenhado, e a mochila, que já era a mochila do Oigo e funcionava do mesmo modo. Esse personagem não era desenhado "a minha imagem e semelhança", essa ideia só apareceu depois. Ele nunca teve um nome, nem um roteiro, nem sequer uma página de quadrinho desenhada. Eu gostava de imaginar as histórias e desenhava muito ele durante as tediosas aulas de cursinho, onde eu só sentava lá, sozinho, sem falar com ninguém. Nem prestava atenção a nenhuma aula. Nesse tempo minha vida se resumia basicamente em duas atividades principais: Ficar obcecado por sexo e mulheres, e deprimido por não ter nenhuma possibilidade de sexo com mulheres.
Algum tempo depois, eu estava na faculdade de Publicidade na Unifor (única faculdade que tinha conseguido passar). Provavelmente era 1998 ou 1999 quando tive a ideia. Eu me lembro com relativa exatidão onde eu estava: No bloco T da unifor, perto da porta do banheiro. Quando comecei a pensar numa ideia, ou conceito pra poderes de super heróis. Eu tinha sido muito fã do Spawn na sua época áurea nos anos 90. Eu gostava especialmente do fato de que o Spawn, diferente de outros personagens, não possuía uma lista de poderes estabelecidos, mas podia fazer qualquer tipo de super poder. Porém, usar o poder consumia uma parcela de energia do seu famoso contador. Eu pensei então em criar um personagem similar a isso, com o mesmo princípio. Que tivesse vários tipos de super poderes, mas que cada uso consumisse uma energia interna que ele tinha. Só que, diferente so Spawn, a energia do meu personagem não seria praticamente ilimitada, ele teria que recarregar. O que me levou a pergunta:
"Ok, então COMO ele vai recarregar?"
Ai, a resposta veio a minha mente, e eu imediatamente comecei a rir sozinho. Sim, ele mamaria seios grandes. Aquilo me fez rir e também estranhamente fez um enorme sentido na minha mente. Comecei a imaginar as situações pela quais ele teria que passar pra recarregar a energia, o que ele faria.
Sim, eram outros tempos. Nem me passou pela cabeça o que iria ocorrer depois.
Poderes
Depois tive que delimitar exatamente como esse poder estranho funcionava e porquê. Eu decidi que o Oigo seria mais ou menos como a vampira dos X-men, nesse sentido: Ele sugaria energia vital da mulher, então ela se sentiria fraca, e possivelmente poderia até morrer, se ele sugasse energia demais. Como uma forma de explicar o porquê de ele só conseguir sugar energia a partir de seios grandes, e não simplesmente tocando em uma mulher, ou simplesmente tocando em qualquer pessoa, ou planta, ou animal, eu determinei que o poder funcionava exatamente assim por causa de uma característica psicológica, ou trauma que ele teve na infância. Essa explicação as vezes é difícil pra algumas pessoas entenderem (Eu já tentei explicar algumas vezes...). Pra mim isso faz perfeito sentido porque nossas características psicológicas são coisas que não fazem muito sentido, e vêm de traumas que sofremos. Coisas como fobias, fetiches sexuais, ou qualquer tendência que temos não tem explicação lógica. Essas características tem sempre um motivo e uma origem. É isso que faz uma pessoa ter medo de altura, enquanto outra tem medo de cães. Isso que faz alguém ser completamente limitado e bloqueado pra um determinado tipo de atividade, ou muito bom em outra. Eu apenas apliquei isso a questão de super-poders. Eu gosto de pensar que eu usei a psicologia no Oigo como eles usaram a radioatividade no Homem-Aranha. Dessa forma, o poder dele funciona, para recarregar, especificamente dessa maneira, devido a uma característica psicológica. Então eu criei essa categoria, que no universo do Oigo, que são os "psicomutantes", pessoas que desenvolvem poderes a partir de traumas psicológicos.
Mas... Eu também tomei uma certa liberdade poética com a questão da psicologia. Isso porque eu acredito que se eu tivesse seguido ao pé da letra e da maneira "correta" a questão psicológica, ele não teria controle sobre o ato de sugar ou não energia. Ou seja, toda vez que ele mamasse um seio, a coisa aconteceria, mesmo que ele não quisesse. Eu não achei isso interessante. Acho que arruinaria completamente todos os relacionamentos dele, e eu queria abordar assuntos de relacionamento na história. Se ele não tivesse controle, a personalidade dele acabaria se tornando muito como a da vampira, triste e isolado (mais do que ele já é). Ele também se tornaria exageradamente atormentado pelo desejo insatisfeito por seu fetiche. Por isso, como eu disse, eu me permiti a licença poética de fazer com que ele tivesse controle. Então ele tem a opção de escolher quando sugar os seios de uma mulher só pelo prazer e diversão, e quando sugar pra retirar energia dela. Também decidi que ele tem consciência da quantidade de energia que tem em cada momento. Ele precisaria saber disso, para dosar os gastos em momentos de perigo.
Ainda nessa questão do poder, outra coisa que eu determinei foi que além da quantidade limitada de energia, o poder do Oigo tem outra limitação: Ele não pode alterar os sentidos. Ou seja, ele não pode ter nenhum tipo de poder estilo Demolidor. Super visão, audição, visão de raios-x, etc. Isso veio da minha necessidade de equilibrar o personagem. Poderes desequilibrados são difíceis de lidar e escrever, e você pode acabar naquela situação do Super-Homem na liga da Justiça, eternamente se perguntando pra que ele precisa dos outros membros da equipe. No Demolidor isso funciona perfeitamente, porque é equilibrado. Ele tem apenas super sentidos, e treinamento marcial. Ele não é fisicamente superior ao máximo que um humano pode alcançar. Os sentidos dão a vantagem que ele tem sobre os outros. No caso do Oigo, já que ele teria coisas como super força, super velocidade, voo, rajadas de energia, etc a disposição, sentidos aguçados adicionados a isso pareceu um pouco de exagero. Outro motivo que me fez decidir isso foi o fato de que super sentidos podem ser difíceis de lidar do ponto de vista de escrita, porque você sempre tem que ficar se preocupando se o personagem não poderia ver ou ouvir alguma coisa que resolveria toda a trama facilmente. E finalmente, ele não tem super sentidos pelo fato de que, conhecendo meu personagem como conheço, se ele tivesse visão de raios x ele passaria o tempo todo vendo por baixo das roupas das mulheres. Eu teria que lidar com as consequências disso. Consequências as quais infelizmente eu não tenho ideia de quais seriam.
Ainda sobre o poder, algumas vezes em que tentei explicar isso pra as pessoas, elas acabaram com a ideia errada de que ele é extremamente poderoso, pelo fato de poder manifestar praticamente qualquer poder, mas esse não é o caso. Todo herói que tem poderes demais, precisa de um tipo de fraqueza pra equilibrar. Todo mundo lembra da kriptonita, não é? A fraqueza do Oigo, sob o ponto de vista de capacidade de luta, é a limitação de energia. Ela pode acabar a qualquer momento. Eu equilibrei a coisa de modo que a energia não "rendesse" tanto assim. Por ex: Se ele estivesse com 100% de energia, ele só poderia levantar e segurar um caminhão por aproximadamente 12 segundos. Isso porque levantando o peso de um caminhão, ele gasta a ele 8% de energia por segundo. Dessa forma eu fui fazendo um diagrama de quanto cada coisa gasta pra ir acompanhando e sabendo passo a passo quanto de energia ele tem. Como ele tem consciência da quantidade de energia, ele tem sempre que estar avaliando a capacidade de derrotar um adversário. Se ele gastar toda a energia em um único golpe, e ficar sem nada, ele poderá ser derrotado ou morto facilmente logo em seguida. Por esse motivo é que muitas vezes ele prefere usar coisas mais simples e que gastam menos energia. Também por que ele não é uma pessoa especialmente criativa e inteligente. Ele não vai manifestar um poder absurdo a não ser que uma situação o obrigue a isso.
Outro detalhe importante é que o Oigo tem um sentido especial que avisa quando tem alguma mulher peituda por perto, mas só funciona com seios naturais, obviamente. É como um radar. Ele conseguiria localizar e seguir a mulher até de olhos fechados. O radar funciona independente da vontade dele, e ele não pode desligar, a não ser que se aproxime da mulher localizada. Eu desenhei esse radar na história lembrando o clássico efeito do "Sentido de aranha", do Homem-Aranha. Mas dei uma modificada ao adicionar um efeito sonoro. O Radar faz o barulho "Siew" (É a onomatopeia que eu uso), na mente do Oigo, quando ele é ativado.
Influências
Tendo isso em mente, não sei dizer exatamente como, e em que período de tempo eu decidi desenhar ele parecido comigo, mas foi logo no início. Ele nunca teve nenhum outro tipo de estudo, nenhuma outra opção. Desde a primeira vez que o desenhei, ela era parecido comigo. Eu acho que devo isso a uma grande influência do Woody Allen que eu tinha e tenho até hoje. (Sim, isso foi anos antes de toda a polêmica envolvendo ele vir a tona) Isso se estendeu não apenas ao Oigo, mas a outros personagens baseados em pessoas que conheci, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Eu acho que isso deu um senso de realidade ao personagem. Desde cedo eu sabia que queria que essa HQ fosse pessoal. Como eu sempre chamo, uma "semi- autobiografia".
Eu tenho influências do Woody Allen, que vão muito além do fato de eu ele termos uma queda por seios grandes. Desde criança eu percebia que os filmes dele eram diferentes de todos os outros. Sempre era ele lá, não importa que papel fosse. E era isso que fazia a coisa interessante pra mim. Ele tinha aquela verdade e sinceridade que eu queria alcançar. E também a coragem de não ser bonito, nem atraente, mas colocar sua própria cara na frente, e dizer a todos quem você é. Eu sou muito fã disso.
Akira foi uma grande influência pra mim. Desde que vi a primeira vez, na minha pré- adolescência, causou um impacto indelével. De forma quase que subconsciente, eu acredito que existe muito do Kaneda no Oigo. Ele é um personagem que é aparentemente superficial, não se importa muito com os eventos bombásticos que acontecem a sua volta, mas acaba tomando parte neles, de certa forma. E quase sempre tudo o que ele faz é pra tentar agarrar alguma mulher...
Super heróis americanos, lógico que também me influenciaram. O Homem-aranha, meu herói de infância, meu herói "do coração", com certeza foi a maior influência no que diz respeito a quadrinhos americanos. Eu não sei bem porque, mas eu costumava adorar quando o Peter Parker dava as piruetas e saltos do homem aranha sem o uniforme, de terno ou roupas normais. A movimentação do Oigo, e o efeito especial do sentido dele, com certeza tem muito do Aranha. A maneira como ele usa as tiras da mochila, tem total influência das teias do Homem- aranha, bem como das correntes do Spawn. Também acho que não resisti a dar um leve ar de Wolverine no cabelo dele, mas tento manter o mais leve possível.
Sobre os quadrinhos alternativos, eu não posso dizer que o Robert Crumb tenha sido uma influência pro Oigo, porque quando criei a história eu não conhecia o trabalho dele ainda. Sem dúvida encontrei vários pontos de convergência, quando conheci. O Robert Crumb causa em mim uma coisa o que eu chamo de "Identificação Incômoda". É quando você se identifica tanto com uma coisa, que chega a se envergonhar. É como se o cara estivesse falando de você sem sua permissão. Muitas vezes senti isso ao ler Crumb. O ápice disso ocorreu quando eu vi uma história do Mister Natural, onde onde ele olha uma gostosa de shortinho curto e pensa "Isso realmente recarrega minhas energias". Mais Oigo impossível.
Universo
Para criar o universo, eu preferi não ir tão longe. A história de passa em Fortaleza, minha cidade natal e onde moro. Não criei uma cidade fictícia. É uma cidade de Fortaleza do futuro. No universo do Oigo, os Estados Unidos perderam na terceira guerra mundial e o Japão se torna a potência mundial número um. Eu sei, se tivesse escrito China, eu seria um profeta. A influência cultural do Japão sobre o Brasil é muito forte. Vemos letreiros orientais, pessoas japonesas, e etc. Dentro do universo da história, japoneses vieram para o Brasil na época da tal guerra (que já vou explicar). Meu processo de pensamento sobre isso veio um pouco do que o Alex Ross e o Mark Waid fizeram na Reino do amanhã.
Naquela clássica HQ, eles criaram um futuro alternativo para o Universo DC. Nesse tempo o mundo está dominado por heróis inconsequentes e sem escrúpulos, que simplesmente brigam entre si, sem carregar nenhum tipo de mensagem ou ética. Isso era um metáfora para o que acontecia na indústria de quadrinhos. Eles criaram uma alegoria pra isso na história. Era uma crítica nem tão velada assim aos anti-heróis, aos Justiceiros e Wolverines da vida. Talvez até uma crítica ao que o Frank Miller fez com o Batman. Eu sempre achei essa ideia genial, a ideia de transportar um "problema" da indústria de quadrinhos e falar dele dentro da própria história. Eu quis fazer algo parecido no Oigo, com relação a ascensão dos mangás. Já se falava na decadência dos quadrinhos americanos anos atrás quando eu criei o Oigo. Agora a coisa ainda está na mesma, se não pior. Tenho certeza que se não fosse pelos filmes, e por terem sido compradas por conglomerados, Marvel e DC já teriam falido. Então, no universo do Oigo, existem pessoas com super poderes, mas não tão numerosos como num universo Marvel, por exemplo. Eles são heróis com aparência de tokusatsus japoneses. Eles são como Changeman, Jaspion, e todos os meus heróis japoneses de infância. Existiram no passado, heróis americanos, mas na época do Oigo, eles já foram completamente esquecidos. No universo do Oigo também não existem heróis nacionais com grande influência, ou que usem verde e amarelo, por exemplo. Mas eu acho que isso seria uma ótima ideia pra uma história no futuro.
Publicação.
Eu participei ao longo dos anos de algumas rodadas de negócios, que são basicamente artistas oferecendo seus projetos para editoras. Durante eventos as vezes eu também entregava projetos do Oigo para editores, todos sem resposta. Uma vez rejeitaram o projeto com a alegação de que tinha a ver com super heróis e a editora não queria publicar nada que tivesse a ver com super herói. Outras rejeitavam pelo teor sexual. É meio difícil de classificar a história ou até mesmo explicar do que se trata pra alguém. Acho que devido a mistura de influências. De certa forma eu até gosto disso. Me faz lembrar de "De volta para o futuro." Quando o Robert Zemmeckis e o Bob Gale - O diretor e roteirista foram apresentar o projeto para estúdios de Hollywood, todos rejeitaram. A maioria porque na época, os estúdios estavam querendo comédias com teor sexual estilo "Porkys", pra quem não lembra, "Porkys" era meio que o "American Pie" dos anos 80. Já a Disney recusou o filme porque a Disney não podia produzir um filme em que um cara beija a própria mãe na boca. Não que eu esteja querendo comparar meu roteiro a "De volta para o futuro", mas eu acho que algumas das coisas que eu gosto tem essa característica de não serem facilmente classificadas. The Maxx, do Sam Kieth é outro exemplo. O Oigo tem elementos de super heróis, mangá, comédia, autobiografia e erotismo. Sempre que eu tento resumir a história, parece que algo fica de fora. Também já percebi que o tom de um roteiro fica bem solto quando você vai do drama a comédia pastelão. Tenho a impressão que isso me permite fazer quase qualquer tipo de história no universo do Oigo.
Sucesso comercial
Sinceramente não acredito que algum dia eu vá conseguir um grande sucesso comercial com o Oigo. Se acontecer vou ficar meio chocado. Pra essa questão assim como outras eu gosto da resposta do Robert Crumb. Crumb sempre viu o sucesso com desconfiança. Ele sabia que a maioria das pessoas que ficavam atrás dele tinham característica de puxa-sacos ou então só estavam indo na onda. Ele sabia que aquilo não era real e sempre se manteve sincero. Na verdade, nos anos do auge do movimento undergound, onde ele era considerado o "Papa" dos quadrinhos alternativos, ele frequentemente puxava os limites do trabalho, em matéria de sexualidade e obscenidade, só pra ver até onde as pessoas continuariam a segui-lo. Eu gosto muito dessas histórias sobre o Crumb. Gosto das histórias em que ele recusa dinheiro, como por exemplo, como quando os Rolling Stones ofereceram uma boa quantia de dinheiro pra ele desenhar uma capa de álbum, e ele recusou. Ele alegou que não gostava da música e se sentia um pouco "recalcado" pelo fato de Mick Jagger pegar tantas mulheres. Quem realmente age assim nos dias de hoje? Quem prefere seguir seus princípios a encher o bolso de dinheiro? Quem de nós poderia se dar ao luxo de ter princípios, dentro das condições que vivemos? Sinceramente eu mesmo não posso ter a certeza que faria isso.
Polêmica.
Claro, que nesse ponto seria interessante abordar a questão da polêmica sobre maneira como o Oigo recarrega sua energia. Quando criei o Oigo, isso foi em outra época, praticamente outro mundo. Anos antes da ascensão das chamadas pautas identitárias, e do contra ataque a elas, a ascensão da extrema direita. Nesse processo eu acabei perdendo amigos dos dois lados. Perdi amizades de feministas e depois de pessoas de direita. Feministas por causa do teor do meu trabalho e de direita porque não deixava de discutir com os amigos que se transformaram da noite pro dia em conservadores neo nazistas.
Eu sempre me considerei contra o sistema. Uma das minhas intenções com o Oigo era criticar o mundo empresarial, num estilo semelhante ao que eles fizeram nos filmes do Robocop. Corporações controlam o mundo. Seus líderes são intocáveis. Eles estão acima do bem e do mal. É essa a ideia que eu queria passar com a corporação "Takai" do Oigo. Não acho que se deve explicar ideias que são passadas no roteiro, mas nesse caso vou abrir uma exceção. O que eu queria dizer ali é que o verdadeiro poder, ainda é o dinheiro, e não super poderes. Já que os que tem super poderes trabalham como assalariados para uma empresa, como todos os outros, como todo mundo. Acho que essa ideia é mais alinhada com o pensamento de esquerda. E sim, eu me considero de esquerda.
Outro ponto é que eu nunca acreditei no mito da masculinidade. Essa ideia que todo homem aprende na sociedade, meio sem perceber. A coisa que te faz querer competir. Que para alguns impede de admitir que está errado. Que leva ao comportamento machista. Que te faz querer ter posse de mulheres. Nenhum homem está imune a isso.
Na minha visão o Oigo é uma piada com o mito da masculinidade. Uma piada com o chamado "Macho Alfa". Eu nunca fui o macho alfa. Muito pelo contrário. O macho alfa sem foi um pé no meu saco, toda a minha vida. Na realidade, eu detesto o macho alfa. O fato de o Oigo ser gordo e não atraente, já é por si só uma forma de rir do macho alfa. O Oigo comete erros. Ele não é motivado. Tem auto- estima baixa. Ele fala mal de si mesmo o tempo todo. Em muitas histórias ele nem mesmo é o protagonista. Qual a última vez que o Batman, Super homem ou o Homem-Aranha cometerem um erro?
Tendo dito isso, e sem dar spoilers, eu pretendo lidar com a questão polêmica do Oigo pelo que ela realmente é. Se não fizesse isso, iria ficar com aquela sensação de "Elefante na sala". E ela é incômoda tanto na vida real quanto no roteiro.
DJ.