segunda-feira, 24 de julho de 2023

Tudo o que você sempre quis saber sobre o Oigo!

 

 (Mas não sabia a quem perguntar!) 

Por Diego J. 

      Acho que o "verme" da ideia do que veio a ser o Oigo, veio a mim quando eu estava fazendo cursinho, no colégio Evolutivo, aqui em Fortaleza. Eu já tinha tentado vestibular uma vez, e não tinha passado. Estava por volta dos 16-17 anos. O período entre o terceiro ano e a minha entrada na faculdade, que foi o mais depressivo e solitário da minha vida.  Foi daí que o personagem que viria a ser o Oigo nasceu. Eu tinha criado esse personagem, que era um cara com a jaqueta do kaneda, um boné cobrindo o cabelo desgrenhado, e a mochila, que já era a mochila do Oigo e funcionava do mesmo modo. Esse personagem não era desenhado "a minha imagem e semelhança", essa ideia só apareceu depois. Ele nunca teve um nome, nem um roteiro, nem sequer uma página de quadrinho desenhada. Eu gostava de imaginar as histórias e desenhava muito ele durante as tediosas aulas de cursinho, onde eu só sentava lá, sozinho, sem falar com ninguém. Nem prestava atenção a nenhuma aula. Nesse tempo minha vida se resumia basicamente em duas atividades principais: Ficar obcecado por sexo e mulheres, e deprimido por não ter nenhuma possibilidade de sexo com mulheres. 

   Algum tempo depois, eu estava na faculdade de Publicidade na Unifor (única faculdade que tinha conseguido passar). Provavelmente era 1998 ou 1999 quando tive a ideia. Eu me lembro com relativa exatidão onde eu estava: No bloco T da unifor, perto da porta do banheiro. Quando comecei a pensar numa ideia, ou conceito pra poderes de super heróis. Eu tinha sido muito fã do Spawn na sua época áurea nos anos 90. Eu gostava especialmente do fato de que o Spawn, diferente de outros personagens, não possuía uma lista de poderes estabelecidos, mas podia fazer qualquer tipo de super poder. Porém, usar o poder consumia uma parcela de energia do seu famoso contador. Eu pensei então em criar um personagem similar a isso, com o mesmo princípio. Que tivesse vários tipos de super poderes, mas que cada uso consumisse uma energia interna que ele tinha. Só que, diferente so Spawn, a energia do meu personagem não seria praticamente ilimitada, ele teria que recarregar. O que me levou a pergunta:

"Ok, então COMO ele vai recarregar?"

Ai, a resposta veio a minha mente, e eu imediatamente comecei a rir sozinho. Sim, ele mamaria seios grandes. Aquilo me fez rir e também estranhamente fez um enorme sentido na minha mente. Comecei a imaginar as situações pela quais ele teria que passar pra recarregar a energia, o que ele faria.
Sim, eram outros tempos. Nem me passou pela cabeça o que iria ocorrer depois.

 Poderes

 Depois tive que delimitar exatamente como esse poder estranho funcionava e porquê. Eu decidi que o Oigo seria mais ou menos como a vampira dos X-men, nesse sentido: Ele sugaria energia vital da mulher, então ela se sentiria fraca, e possivelmente poderia até morrer, se ele sugasse energia demais. Como uma forma de explicar o porquê de ele só conseguir sugar energia a partir de seios grandes, e não simplesmente tocando em uma mulher, ou simplesmente tocando em qualquer pessoa, ou planta, ou animal, eu determinei que o poder funcionava exatamente assim por causa de uma característica psicológica, ou trauma que ele teve na infância. Essa explicação as vezes é difícil pra algumas pessoas entenderem (Eu já tentei explicar algumas vezes...). Pra mim isso faz perfeito sentido porque nossas características psicológicas são coisas que não fazem muito sentido, e vêm de traumas que sofremos. Coisas como fobias, fetiches sexuais, ou qualquer tendência que temos não tem explicação lógica. Essas características tem sempre um motivo e uma origem. É isso que faz uma pessoa ter medo de altura, enquanto outra tem medo de cães. Isso que faz alguém ser completamente limitado e bloqueado pra um determinado tipo de atividade, ou muito bom em outra. Eu apenas apliquei isso a questão de super-poders. Eu gosto de pensar que eu usei a psicologia no Oigo como eles usaram a radioatividade no Homem-Aranha. Dessa forma, o poder dele funciona, para recarregar, especificamente dessa maneira, devido a uma característica psicológica. Então eu criei essa categoria, que no universo do Oigo, que são os "psicomutantes",  pessoas que desenvolvem poderes a partir de traumas psicológicos.
Mas... Eu também tomei uma certa liberdade poética com a questão da psicologia. Isso porque eu acredito que se eu tivesse seguido ao pé da letra e da maneira "correta" a questão psicológica, ele não teria controle sobre o ato de sugar ou não energia. Ou seja, toda vez que ele mamasse um seio, a coisa aconteceria, mesmo que ele não quisesse. Eu não achei isso interessante. Acho que arruinaria completamente todos os relacionamentos dele, e eu queria abordar assuntos de relacionamento na história. Se ele não tivesse controle, a personalidade dele acabaria se tornando muito como a da vampira, triste e isolado (mais do que ele já é). Ele também se tornaria exageradamente atormentado pelo desejo insatisfeito por seu fetiche. Por isso, como eu disse, eu me permiti a licença poética de fazer com que ele tivesse controle. Então ele tem a opção de escolher quando sugar os seios de uma mulher só pelo prazer e diversão, e quando sugar pra retirar energia dela. Também decidi que ele tem consciência da quantidade de energia que tem em cada momento. Ele precisaria saber disso, para dosar os gastos em momentos de perigo.

Ainda nessa questão do poder, outra coisa que eu determinei foi que além da quantidade limitada de energia, o poder do Oigo tem outra limitação: Ele não pode alterar os sentidos. Ou seja, ele não pode ter nenhum tipo de poder estilo Demolidor. Super visão, audição, visão de raios-x, etc. Isso veio da minha necessidade de equilibrar o personagem. Poderes desequilibrados são difíceis de lidar e escrever, e você pode acabar naquela situação do Super-Homem na liga da Justiça, eternamente se perguntando pra que ele precisa dos outros membros da equipe. No Demolidor isso funciona perfeitamente, porque é equilibrado. Ele tem apenas super sentidos, e treinamento marcial. Ele não é fisicamente superior ao máximo que um humano pode alcançar. Os sentidos dão a vantagem que ele tem sobre os outros. No caso do Oigo, já que ele teria coisas como super força, super velocidade, voo, rajadas de energia, etc a disposição, sentidos aguçados adicionados a isso pareceu um pouco de exagero. Outro motivo que me fez decidir isso foi o fato de que super sentidos podem ser difíceis de lidar do ponto de vista de escrita, porque você sempre tem que ficar se preocupando se o personagem não poderia ver ou ouvir alguma coisa que resolveria toda a trama facilmente. E finalmente, ele não tem super sentidos pelo fato de que, conhecendo meu personagem como conheço, se ele tivesse visão de raios x ele passaria o tempo todo vendo por baixo das roupas das mulheres.  Eu teria que lidar com as consequências disso. Consequências as quais infelizmente eu não tenho ideia de quais seriam.
Ainda sobre o poder, algumas vezes em que tentei explicar isso pra as pessoas, elas acabaram com a ideia errada de que ele é extremamente poderoso, pelo fato de poder manifestar praticamente qualquer poder, mas esse não é o caso. Todo herói que tem poderes demais, precisa de um tipo de fraqueza pra equilibrar. Todo mundo lembra da kriptonita, não é? A fraqueza do Oigo, sob o ponto de vista de capacidade de luta, é a limitação de energia. Ela pode acabar a qualquer momento. Eu equilibrei a coisa de modo que a energia não "rendesse" tanto assim. Por ex: Se ele estivesse com 100% de energia, ele só poderia levantar e segurar um caminhão por aproximadamente 12 segundos. Isso porque levantando o peso de um caminhão, ele gasta a ele 8% de energia por segundo. Dessa forma eu fui fazendo um diagrama de quanto cada coisa gasta pra ir acompanhando e sabendo passo a passo quanto de energia ele tem. Como ele tem consciência da quantidade de energia, ele tem sempre que estar avaliando a capacidade de derrotar um adversário. Se ele gastar toda a energia em um único golpe, e ficar sem nada, ele poderá ser derrotado ou morto facilmente logo em seguida. Por esse motivo é que muitas vezes ele prefere usar coisas mais simples e que gastam menos energia. Também por que ele não é uma pessoa especialmente criativa e inteligente. Ele não vai manifestar um poder absurdo a não ser que uma situação o obrigue a isso.

Outro detalhe importante é que o Oigo tem um sentido especial que avisa quando tem alguma mulher peituda por perto, mas só funciona com seios naturais, obviamente. É como um radar. Ele conseguiria localizar e seguir a mulher até de olhos fechados. O radar funciona independente da vontade dele, e ele não pode desligar, a não ser que se aproxime da mulher localizada. Eu desenhei esse radar na história lembrando o clássico efeito do "Sentido de aranha", do Homem-Aranha. Mas dei uma modificada ao adicionar um efeito sonoro. O Radar faz o barulho "Siew" (É a onomatopeia que eu uso), na mente do Oigo, quando ele é ativado.

Influências

Tendo isso em mente, não sei dizer exatamente como, e em que período de tempo eu decidi desenhar ele parecido comigo, mas foi logo no início. Ele nunca teve nenhum outro tipo de estudo, nenhuma outra opção. Desde a primeira vez que o desenhei, ela era parecido comigo. Eu acho que devo isso a uma grande influência do Woody Allen que eu tinha e tenho até hoje. (Sim, isso foi anos antes de toda a polêmica envolvendo ele vir a tona)  Isso se estendeu não apenas ao Oigo, mas a outros personagens baseados em pessoas que conheci, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Eu acho que isso deu um senso de realidade ao personagem. Desde cedo eu sabia que queria que essa HQ fosse pessoal. Como eu sempre chamo, uma "semi- autobiografia".
Eu tenho influências do Woody Allen, que vão muito além do fato de eu ele termos uma queda por seios grandes. Desde criança eu percebia que os filmes dele eram diferentes de todos os outros. Sempre era ele lá, não importa que papel fosse. E era isso que fazia a coisa interessante pra mim. Ele tinha aquela verdade e sinceridade que eu queria alcançar. E também a coragem de não ser bonito, nem atraente, mas colocar sua própria cara na frente, e dizer a todos quem você é. Eu sou muito fã disso.
Akira foi uma grande influência pra mim. Desde que vi a primeira vez, na minha pré- adolescência, causou um impacto indelével. De forma quase que subconsciente, eu acredito que existe muito do Kaneda no Oigo. Ele é um personagem que é aparentemente superficial, não se importa muito com os eventos bombásticos que acontecem a sua volta, mas acaba tomando parte neles, de certa forma. E quase sempre tudo o que ele faz é pra tentar agarrar alguma mulher...
Super heróis americanos, lógico que também me influenciaram. O Homem-aranha, meu herói de infância, meu herói  "do coração", com certeza foi a maior influência no que diz respeito a quadrinhos americanos. Eu não sei bem porque, mas eu costumava adorar quando o Peter Parker dava as piruetas e saltos do homem aranha sem o uniforme, de terno ou roupas normais. A movimentação do Oigo, e o efeito especial do sentido dele, com certeza tem muito do Aranha. A maneira como ele usa as tiras da mochila, tem total influência das teias do Homem- aranha, bem como das correntes do Spawn. Também acho que não resisti a dar um leve ar de Wolverine no cabelo dele, mas tento manter o mais leve possível. 

 Eu também tenho um gosto especial por personagens gordos lutando artes marciais. Provavelmente isso veio da minha infância como garoto gordo. Deve ser o motivo pelo qual eu amava tanto as Tartarugas ninja. Eu acho que a postura do Oigo, curvado e sempre com a mochila, deve ter vindo de alguma parte do meu cérebro que lembrava das tartarugas.

Sobre os quadrinhos alternativos, eu não posso dizer que o Robert Crumb tenha sido uma influência pro Oigo, porque quando criei a história eu não conhecia o trabalho dele ainda. Sem dúvida encontrei vários pontos de convergência, quando conheci. O Robert Crumb causa em mim uma coisa o que eu chamo de "Identificação Incômoda". É quando você se identifica tanto com uma coisa, que chega a se envergonhar. É como se o cara estivesse falando de você sem sua permissão. Muitas vezes senti isso ao ler Crumb. O ápice disso ocorreu quando eu vi uma história do Mister Natural, onde onde ele olha uma gostosa de shortinho curto e pensa "Isso realmente recarrega minhas energias". Mais Oigo impossível.

 Universo

Para criar o universo, eu preferi não ir tão longe. A história de passa em Fortaleza, minha cidade natal e onde moro. Não criei uma cidade fictícia. É uma cidade de Fortaleza do futuro. No universo do Oigo, os Estados Unidos perderam na terceira guerra mundial e o Japão se torna a potência mundial número um. Eu sei, se tivesse escrito China, eu seria um profeta. A influência cultural do Japão sobre o Brasil  é muito forte. Vemos letreiros orientais, pessoas japonesas, e etc. Dentro do universo da história, japoneses vieram para o Brasil na época da tal guerra (que já vou explicar). Meu processo de pensamento sobre  isso veio um pouco do que o Alex Ross e o Mark Waid fizeram na Reino do amanhã. 

Naquela clássica HQ, eles criaram um futuro alternativo para o Universo DC. Nesse tempo o mundo está dominado por heróis inconsequentes e sem escrúpulos, que simplesmente brigam entre si, sem carregar nenhum tipo de mensagem ou ética. Isso era um metáfora para o que acontecia na indústria de quadrinhos. Eles criaram uma alegoria pra isso na história. Era uma crítica nem tão velada assim aos anti-heróis, aos Justiceiros e Wolverines da vida. Talvez até uma crítica ao que o Frank Miller fez com o Batman. Eu sempre achei essa ideia genial, a ideia de transportar um "problema" da indústria de quadrinhos e falar dele dentro da própria história. Eu quis fazer algo parecido no Oigo, com relação a ascensão dos mangás. Já se falava na decadência dos quadrinhos americanos anos atrás quando eu criei o Oigo. Agora a coisa ainda está na mesma, se não pior. Tenho certeza que se não fosse pelos filmes, e por terem sido compradas por conglomerados, Marvel e DC já teriam falido. Então, no universo do Oigo, existem pessoas com super poderes, mas não tão numerosos como num universo Marvel, por exemplo. Eles são heróis com aparência de  tokusatsus japoneses. Eles são como Changeman, Jaspion, e todos os meus heróis japoneses de infância. Existiram no passado, heróis americanos, mas na época do Oigo, eles já foram completamente esquecidos. No universo do Oigo também não existem heróis nacionais com grande influência, ou que usem verde e amarelo, por exemplo. Mas eu acho que isso seria uma ótima ideia pra uma história no futuro.

Publicação.

Eu participei ao longo dos anos de algumas rodadas de negócios, que são basicamente artistas oferecendo seus projetos para editoras. Durante eventos as vezes eu também entregava projetos do Oigo para editores, todos sem resposta. Uma vez rejeitaram o projeto com a alegação de que tinha a ver com super heróis e a editora não queria publicar nada que tivesse a ver com super herói. Outras rejeitavam pelo teor sexual. É meio difícil de classificar a história ou até mesmo explicar do que se trata pra alguém. Acho que devido a mistura de influências. De certa forma eu até gosto disso. Me faz lembrar de "De volta para o futuro." Quando o Robert Zemmeckis e o Bob Gale - O diretor e roteirista foram apresentar o projeto para estúdios de Hollywood, todos rejeitaram. A maioria porque na época, os estúdios estavam querendo comédias com teor sexual estilo "Porkys", pra quem não lembra, "Porkys" era meio que o "American Pie" dos anos 80. Já a Disney recusou o filme porque a Disney não podia produzir um filme em que um cara beija a própria mãe na boca. Não que eu esteja querendo comparar meu roteiro a "De volta para o futuro", mas eu acho que algumas das coisas que eu gosto tem essa característica de não serem facilmente classificadas. The Maxx, do Sam Kieth é outro exemplo. O Oigo tem elementos de super heróis, mangá, comédia, autobiografia e erotismo. Sempre que eu tento resumir a história, parece que algo fica de fora. Também já percebi que o tom de um roteiro fica bem solto quando você vai do drama a comédia pastelão. Tenho a impressão que isso me permite fazer quase qualquer tipo de história no universo do Oigo.

Sucesso comercial

Sinceramente não acredito que algum dia eu vá conseguir um grande sucesso comercial com o Oigo.  Se acontecer vou ficar meio chocado. Pra essa questão assim como outras eu gosto da resposta do Robert Crumb. Crumb sempre viu o sucesso com desconfiança. Ele sabia que a maioria das pessoas que ficavam atrás dele tinham característica de puxa-sacos ou então só estavam indo na onda. Ele sabia que aquilo não era real e sempre se manteve sincero. Na verdade, nos anos do auge do movimento undergound, onde ele era considerado o "Papa" dos quadrinhos alternativos, ele frequentemente puxava os limites do trabalho, em matéria de sexualidade e obscenidade, só pra ver até onde as pessoas continuariam a segui-lo. Eu gosto muito dessas histórias sobre o Crumb. Gosto das histórias em que ele recusa dinheiro, como por exemplo, como quando os Rolling Stones ofereceram uma boa quantia de dinheiro pra ele desenhar uma capa de álbum, e ele recusou. Ele alegou que não gostava da música e se sentia um pouco "recalcado" pelo fato de Mick Jagger pegar tantas mulheres. Quem realmente age assim nos dias de hoje? Quem prefere seguir seus princípios a encher o bolso de dinheiro? Quem de nós poderia se dar ao luxo de ter princípios, dentro das condições que vivemos? Sinceramente eu mesmo não posso ter a certeza que faria isso.

Polêmica.

Claro, que nesse ponto seria interessante abordar a questão da polêmica sobre maneira como o Oigo recarrega sua energia. Quando criei o Oigo, isso foi em outra época, praticamente outro mundo. Anos antes da ascensão das chamadas pautas identitárias, e do contra ataque a elas, a ascensão da extrema direita. Nesse processo eu acabei perdendo amigos dos dois lados. Perdi amizades de feministas e depois de pessoas de direita. Feministas por causa do teor do meu trabalho e de direita porque não deixava de discutir com os amigos que se transformaram da noite pro dia em conservadores neo nazistas.


Eu sempre me considerei contra o sistema. Uma das minhas intenções com o Oigo era criticar o mundo empresarial, num estilo semelhante ao que eles fizeram nos filmes do Robocop. Corporações controlam o mundo. Seus líderes são intocáveis. Eles estão acima do bem e do mal. É essa a ideia que eu queria passar com a corporação "Takai" do Oigo. Não acho que se deve explicar ideias que são passadas no roteiro, mas nesse caso vou abrir uma exceção. O que eu queria dizer ali é que o verdadeiro poder, ainda é o dinheiro, e não super poderes. Já que os que tem super poderes trabalham como assalariados para uma empresa, como todos os outros, como todo mundo. Acho que essa ideia é mais alinhada com o pensamento de esquerda. E sim, eu me considero de esquerda.
Outro ponto é que eu nunca acreditei no mito da masculinidade. Essa ideia que todo homem aprende na sociedade, meio sem perceber. A coisa que te faz querer competir. Que para alguns impede de admitir que está errado. Que leva ao comportamento machista. Que te faz querer ter posse de mulheres. Nenhum homem está imune a isso.
Na minha visão o Oigo é uma piada com o mito da masculinidade. Uma piada com o chamado "Macho Alfa". Eu nunca fui o macho alfa. Muito pelo contrário. O macho alfa sem foi um pé no meu saco, toda a minha vida. Na realidade, eu detesto o macho alfa. O fato de o Oigo ser gordo e não atraente, já é por si só uma forma de rir do macho alfa. O Oigo comete erros. Ele não é motivado. Tem auto- estima baixa. Ele fala mal de si mesmo o tempo todo. Em muitas histórias ele nem mesmo é o protagonista. Qual a última vez que o Batman, Super homem ou o Homem-Aranha cometerem um erro?
Tendo dito isso, e sem dar spoilers, eu pretendo lidar com a questão polêmica do Oigo pelo que ela realmente é. Se não fizesse isso, iria ficar com aquela sensação de "Elefante na sala". E ela é incômoda tanto na vida real quanto no roteiro.
DJ.


quarta-feira, 5 de junho de 2019

União dos homens.

Se existe uma coisa que une todos os homens, que iguala todos os homens, é que todos os homens, quando interessados por uma mulher, sabem que tem que se apresentar diante dela, fazer sua melhor tentativa, e arriscar levar um fora. O homem mais rico do mundo e o mais pobre do mundo tem que passar por isso da mesma maneira.
Claro que existem muitas mulheres dispostas a se entregar a um homem em posição de poder financeiro, sendo elas prostitutas ou não. Mas homens ricos também correm o risco de uma vez ou outra se interessar por uma mulher que não está interessada apenas em posses materiais, e que também lhe diga não. Para nós, homens mortais, não tão atraentes fisicamente, nem ricos, levar fora faz parte da vida, é vida que segue, é normal. Mas para um cara rico e poderoso, acostumado a ter tudo o que quer quando quer, levar um fora pode ser completamente diferente. Quando uma mulher dá um fora num cara rico e poderoso, é como se ela estivesse dizendo que ele não é especial nem difefente. Ele de fato é como todos os outros homens, sucetível a levar um fora a qualquer momento.
Lembro sempre da cena do filme "cidade de Deus", quando o Zé Pequeno, líder da quadrilha de traficantes, e temido por todos está numa situação onde perde completamente seu poder. É na festa, onde ele vê que todos estão dançando, menos ele. Zé Pequeno se aproxima de uma garota e pergunta se ela quer dançar com ele. Nesse momento, Zé Pequeno está completamente diferente de como estava em todo o resto do fime, porque agora ele realmente está Pequeno. Sem poder nenhum. No momento em que ele faz a sua apresentação pra a garota, e dá a ela o poder de aceitá-lo ou rejeitá-lo, todo o seu poder de chefe não vale nada.
As mulheres querem se empoderar com razão, mas nesse momento em particular, a mulher sempre teve todo o poder e o homem nunca teve poder nenhum, porque é convenção na sociedade que o homem tome a iniciativa, e se coloque na posição de ser aceito ou rejeitado. Homens em posição de poder não sabem lidar com isso, porque estão acostumados demais a ter o controle sempre. Na falta de ter seu poder financeiro reconhecido, de ter sua posição de poder questionada, vão apelar pra outra forma mais simples e direta de demonstrar poder. A violência. Violência essa que pode também sair impune pela ação do poder financeiro.
DJ

terça-feira, 21 de maio de 2019

MOVENDO PESSOAS.

Existem três maneiras de mover as pessoas. A primeria, melhor e mais difícil de alcançar é a criação de uma consciência coletiva. Um sentimento de "pertencimento" a alguma coisa, de um coletivo no qual eu estou inserido. Esse é o sentimento do japonês que varre a rua para que a rua fique limpa. Ele varre não apenas a parte da rua que fica diretamente em frente a casa dele, ou do comércio dele. Ele varre porque se sente parte do coletivo "Japão". Se sente responsável por parte daquela rua, na qual ele quer dar sua colaboração ao todo. Também sentimos isso ao perticipar de qualquer esporte coletivo. Nenhum dos membros do time é mais importante do grupo e seu objetivo maior. Num time eu sou sempre uma parte que trabalha para o todo. O objetivo do grupo se sobrepõe ao meu.
Na falta de uma consciência coletiva, as pessoas se movem por dinheiro. Dê dinheiro a alguém e essa pessoa fará o que foi paga pra fazer. Essa atitude porém, não terá um objetivo maior, mais elevado do que conseguir aquele dinheiro imediato, que será usado para objetivos imediatos, que logo se apresentarão novamente. Não existe um sentido coletivo. Pelo contrário, leva a uma individualização, a um isolamento. Preciso do meu dinheiro para as minhas coisas. Cria-se a sociedade onde todos estão tentando tirar dinheiro uns dos outros para seus objetivos particulares. A economia gira pela falta de um lado e abundânica de outro. Diz-se que a publicidade é a arte de separar as pessoas de seu dinheiro, assim comoo roubo, assalto, o sequestro, etc. A falta da consciência coletiva e a predominância da individualidade facilita o pensamento de que posso tirar do outro para mim, mesmo que seja a força. Meu dinheiro será utilizado comigo mesmo e minha família no máximo.
Na falta de dinheiro, as pessoas se movem por ideogia. A maneira mais fácil, rápida e perigosa de todas. Mover as pessoas por ideologia é como vender o bilhete da mega-sena. Eu estou te vendendo uma ideia, algo abstrato, que só existe na sua cabeça. A ideia de que você vai ficar rico, ou a ideia de que todos o seus problemas tem uma única origem ou soluções muito fáceis. Cria revolta e medo. Coloca a culpa em um grupo de pessoas, vem logo depois com uma solução ideológica. Pode vir ou não junto de um salvador da pátria, se a coisa for pelo caminho da política. Crie um inimigo para depois combatê-lo. Não importa se ele existe ou não. Você não vai ficar rico com um bilhete de mega sena. Comunismo não existe no mundo de hoje. A ideologia é a perversão do pensamento comum coletivo porque divide em facções. Um inimigo deve existir. Na sociedade ideologia é a forma de medida usada sempre que dinheiro não é um fator na questão. Só pobres discutem por ideologia. Ricos só discutem por dinheiro. Eles nos dão ideologia porque não vão nos dar dinheiro. A maioria das pessoas jogaria sua ideologia pela janela ao primeiro sinal de que ela está atrapalhando um ganho financeiro.
Ideologia é sempre o que faz os soldados irem para a batalha, já que o estado não vai dividir os lucros da guerra igualmente com seus soldados. Ideologia pode ser considerada a moeda de troca do pobre. É quase como um "bitcoin" das relações humanas. Praticamente não existe em termos palpáveis. Pouco ou nada vai mudar nossa vida prática, já que esta é bem mais influenciada pela posse ou não de dinheiro. No entanto ultimamente se torna cada vez mais a medida de nossas relações.
DJ.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Bolsonaro e a Proteção de Ego.


Já discuti sobre isso antes, mas suponho que agora também seja um bom momento. É bom relembrar um pouco o motivo de estarmos onde estamos agora. O movimento de extrema direita que tomou o país e elegeu você sabe quem, teve sua origem, seu germe alguns anos atrás. Tudo começou com a ascensão dos movimentos feminista, LGBT e negro. Quando esses movimentos começaram, era como se dedos, ou posts de facebook, fossem apontados na cara da sociedade dizendo: Você é machista, você é racista, você é homofóbico. Todos nós somos em algum nível. Quem não reconhece isso está fazendo parte da triste realidade a que me refiro aqui.
Assim como a água tende a se nivelar naturalmente a mente humana sempre que possível vai procurar naturalmente alguma forma de proteção de Ego. Vai procurar sempre que possível desviar sua responsabilidade para fora de si mesmo. Colocar a culpa em outra coisa ou pessoa. Reconhcer seus erros é algo praticamente impossível pra algumas pessoas, por algum motivo ou outro. Antes de reconhecer seu erro,  o que levaria a necessidade de mudança, elas preferem ajustar todo o mundo a sua volta a sua maneira de pensar. É uma inércia mental.
Durante um tempo, quando os movimentos de minoria se levantaram, a sociedade ficou como uma barata tonta rodando e se contorcendo. Ela pensava: "Isso não pode estar certo, eu não sou machista, nem homfóbico, também não sou racista".
"Como não posso mais passar uma cantada em uma mulher na rua?"
"Como não posso chamar um amigo de viado?"
"Já fiz tudo isso."
"Estava errado, todo esse tempo?"
Como uma criança birrenta que não quer pedir desculpa por ter feito algo errado. As pessoas precisavam de uma saída, alguém ou alguma coisa que "pagasse essa fiança" para eles. Os livrasse de sua culpa.
Dai veio o salvador da pátria, o salvador dos Egos contorcidos. Bolso e o extremismo de direita. Essa ideologia diz que não existe feminismo, não existe movimento LGBT nem movimeto negro. É tudo mimimi. Feministas são terroristas. A escravidão nem sequer aconteceu. Prefiro meu filho morto do que gay. Isso é tudo parte de uma conspiração comunista pra destruir a família brasileira. Pra acabar com a macheza, sejá lá o que isso for. Você não está fazendo nada de errado, você nunca fez nada de errado. Pode continuar como você está. Você não precisa mudar nada. Evoluir nada.
Você é perfeito.
"Que alívio!"
Isso é tudo que as pessoas precisavam. Todos correram pra debaixo do guarda chuva de proteção da extrema direita. Da voz que dizia que eles nunca fizeram nada de errado.
Assim como Anakim Skywalker preferiu ouvir o Imperador que só o elogiava em vez de ouvir Obi Wan Kenobi que para treiná-lo, precisava que ele reconhecesse seus erros e mudasse.
Isso corre de uma maneira tão pesada que existem mulheres machistas, negros racistas e gays que votaram no Bolso. A força da proteção de Ego é tão forte, o impulso para se livrar da responsabilidade é tão grande, que as pessoas olham para o Bolso e pensam que ele tem capacidade pra ser alguma coisa na vida. A realidade se distorce. É como uma droga. Nada importa pra mim. A história não importa, o bom senso não importa. Não importa que ele seja um incompetente completo. Poderia ser até uma pedra ali, desde que essa pedra me dissesse que eu não fiz nada de errado e não preciso mudar.
Danilo Gentilli está produzindo um documentário criticando o politicamente correto.
Quem me fez ver isso foi justamente Robert Crumb, o desenhista. Crumb sempre foi criticado pelas feministas por desenhar explicitamente suas fantasias sexuais em seus quadrinhos. E ele sempre foi de esquerda. Sempre atacou as elites corporativas em seu trabalho. Participou dos movimentos de minorias desenhando cartazes. Ele teve sua cota de desentendimentos com as feministas, mas quando criticado muitas vezes não revidava, nem se escondia atrás de ideologia nenhuma. Ele entende que como artista você não pode se esconder. Ele dizia: "Não tenho desculpa nenhuma, meu trabalho é doido mesmo".
Em outras palavras, ele assumiu a total responsabilidade pelo seu trabalho. Pelos seus atos. É isso que eu faço. É isso que eu sou. Não tenho nenhuma desculpa. Mesmo que não se tenha intenção de mudar, não é mais honesto assumir a responsabilidade pelos seus atos do que se esconder atrás de uma ideologia?
Pra mim é ai que se traça a linha entre o artista e o ativista político.
Essa é a diferença. Se todas as pessoas pudessem assumir a responsabilidade pelos seus atos, nunca teria existido um movimento de extrema direita forte. Ele teria se dissolvido. Não teria necessidade de uma proteção de Ego.
Por outro lado as pessoas não percebem que a coisa toda é puramente simbólica. A vida dos negros realmente mudou com a eleição de Obama? O racismo parou? Não acho. Da mesma forma, o movimento feminista, gay e negro não vai parar porque Bolso foi eleito. Se algo acontecer, será fortalecido. Não deixaram de existir gays porque ele for eleito.
Mas as pessoas querem essa ilusão.  E brigam por ela.
DJ.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Todos acompanhamos a entrevista do candidato Bolsonaro a presidência. Gostaria de aproveitar a oportunidade para apresentar argumentos que atestam se a visão do canditado em relação as questões apresentadas realmente se sustenta.
1-  Bandido bom é bandido morto.
Essa forma de pensar tem uma utilidade específica para uma situação específica. Se eu sou um soldado ou policial trocando tiros com um bandido eu tenho que necessariamente pensar assim. Se a escolha for entre a minha vida e a de um bandido, devo escolher a minha vida. Se a escolha for entre a vida do bandido e a de um inocente, devo escolher a do inocente. Parece óbvio fazer essa afirmação, mas esse raciocínio se aplica a alguém em uma situação de guerra. Esse raciocínio é característico do policial e do soldado em situação de batalha, mas não pode ser aplicado fora dessa situação. Bolsonaro e seus seguidores vêem este recorte e se concentram nele em demasia, como se fosse parâmetro para explicar toda a realidade. Como um cego que pega na tromba de um elefante e acha que é uma cobra. O pensamento de matar ou morrer não pode e não deve ser utilizado fora desse contexto. Não pode sair do escopo no qual é necessário e para o qual é útil.  Prefeitos, governadores nem tão pouco presidentes podem pensar por esse ângulo. Líderes de qualquer categoria devem ver O TODO da situação, não um pequeno recorte dela.  Os governantes tem que pensar em maneiras de impedir que o cidadão se torne um criminoso, para que depois não seja preciso matá-lo. Ninguém nasce criminoso. Ninguém nasce com uma arma na mão. Ninguém nasce traficante. Possivelmente algumas pessoas nascem com problemas de psicopatia que a levam a cometer crimes, mas esse não é o caso do nosso problema de criminalidade urbana. É um problema social, não psicológico. 
Sim. o ambiente e a organização social levam as pessoas a se tornarem criminosos. Bolsonaro não dá uma proposta de diminução da criminalidade que não envolva matar criminosos. Criminosos morrem aos montes todo mês, assim como policias. Isso não impede a criminalidade de avançar.
A pessoas devem andar armadas?
O pensamento de que as pessoas devem andar armadas é perigoso para o elo mais fraco da cadeia, para o pobre, e vantajoso para o rico, e para o estado, como sempre acontece. O estado tem segurança garantida. Ricos tem segurança profisisonal. Eu como pobre não tenho treinamento. Se eu assumo que o estado é incapaz de me defender da criminalidade e tomo para mim uma arma e a responsabilidade de me defender, automaticamente eu deixo de cobrar o estado que o faça. O estado fica livre dessa responsabilidade. Ele que recebe impostos pra isso, não precisa mais me defender. Vou continuar pagando por um serviço que eu mesmo vou fornecer, arriscando minha vida pra defender bens materiais. O correto seria pressionar e reividicar que o estado faça a defesa. A ideia de que o cidadão pode fazer o trabalho da polícia é absurda. Me lembra um filme da série "Loucademia de polícia". A anarquia atual seria exponencialmente piorada. A formação das milícias está ai como exemplo. Isso sem mencioar que uma população mal educada não é preparada pra usar armas. Dizem que é melhor "Ter e não precisar do que precisar e não ter". Mas caso aconteça a situação de precisar, a decisão de usar ou não usar será pesadamente influenciada pelo fato de você ter uma arma a disposição. Não se pode confiar que numa população mal educada necessitada do básico vá tomar boas decisões quanto a isso. Leia qualquer lista de comentários de seguidores do Bolsonaro em redes sociais e julgue por si mesmo se são pessoas que você confiaria com armas.
O bom soldado deve seguir ordens.
Para ser um bom soldado não é necessário apenas que a pessoa seja boa no que faz. Que tenha capacidade técnica e inteligência, resilência psicológica, etc. A característica fundamental do soldado é que ele tem que seguir ordens. Um soldado que não segue ordens é como um relógio que marca a hora errada. Até o Rambo e o Capitão nascimento seguiam ordens. O soldado deve seguir as ordens que lhe foram dadas sem questionar. As ordens estão sempre certas, não importa quais sejam. O soldado não pensa além das ordens. Por esse motivo é que as pessoas com as armas nas mãos e as que dão as ordens nunca podem as mesmas. Quando isso acontece temos golpe militar. Não quero dizer com isso absolutamente que Bolsonaro tenha qualquer das boas características de um soldado. Ele é só mais um político corrupto que encontrou um nicho de pessoas para representar. Bolsonaro é tão soldado quanto Lula é um nordestino pobre. Ambos são políticos que tem imagens distorcidas pelo que as pesoas querem ver neles.
Resumindo, a caracteristica própria do soldado ou policial de seguir ordens e não as dar o faz desadequado para qualquer cargo de liderança política, devido a visão estreita que desenvolve, e que é necessária a ele como soldado, mas representa incapacidade de visão ampla, como descrito acima.
Cartilha Gay
Bolsonaro apresentou um material que supostamente representa "catequização gay" para crianças. Será que é realmente possível influenciar uma pessoa a mudar de orientação sexual tão facilmente? Vejamos. Vivemos num mundo dominado por heterossexuais. Todas as imagens permitidas no "palco social" são estritamente heterossexuais. Desde pequenos tudo o que vemos na TV, filmes etc, são casais heteros se beijando. Histórias de amor e romance envolvendo héteros. Publicidade com héteros. Cerca de 99.9 % de toda imagem de casais que vemos exibida diz respeito a heteossexuais. Nas ruas a grande maioria de casais que vemos demonstrando afeição pública são heterossexuais. Agora se imagine como uma criança homossexaul vivendo nesse mundo. Você provavelmente seria influenciado a ser hétero não? Provavelmente mudaria sua opção e ao chegar na adolescencia, já estaria completamente hétero, não? Sabemos que na realidade não é isso que acontece. Os gays continuam sendo gays mesmo com imagens heteros em todos os cantos da esquina. As pessoas não mudam de orientação sexual tão facilmente. Certamente não com uma única imagem gay isolada exibida em qualquer meio. Essa preocupação exagerada com uma má influência sobre a orientação sexual só pode estar ligada a indivíduos que acham que a orientação sexual é uma coisa frágil e facilmente mudada. O que por sua vez só pode levar a conclusão de que tais indivíduos tenham suas opções sexuais frágueis e facilmente influenciáveis. Quem sabe eles tenham medo de que suas próprias conviccões sejam má influenciadas, se mais imagens homossexuais forem exibidas.
Apenas o desespero e o medo é que sustentam Bolsonaro com esses absurdos números de pesquisa de opinião. Mesmo considerando que suas premissas estivessem corretas, é de se questionar que teria capacidade de colocá-las em prática. É estarrecedor perceber o quanto pessoas heterossuais conservadoras parecem se importar com o que seus vizinhos homossexuais estão fazendo ou deixando de fazer. Isso não deveria incomodá-los tanto, mas pelo visto incomoda muito. Esse é o único motivo do sucesso de Bolsonaro. Ninguém que está cuidado da sua vida sem paranóias sobre o que gays ou comunismo teria motivo nenhum pra apoiar Bolsonaro.
Isso tudo só atesta tristemente que o povo brasileiro está com medo. E o medo nunca é um bom conselheiro.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Todo homem é um estuprador em potencial?
Acredito que muito das nossas relações funcionam simplesmente como sistemas de defesa. Sistema de defesa pra ataques que as vezes nunca sofreremos. É como um país se armando por medo de ataque de um país que está se armando por medo dele.
"Todo homem é um estuprador em potencial" pode ser questionado como verdade ou mentira. Todos sabemos das estatísticas de estupros, ao mesmo tempo que todos conhecemos homens que não são estupradores e não se enquadram nessa categoria.
 Independente de isso ser verdade ou não, esse pensamento é um sistema de defesa. As mulheres tem que pensar assim, porque elas andam nas ruas e se sentem desprotegidas. Pensar assim é uma necessidade prática, caso seja verdade ou não. Você não diria pra sua filha que sai a noite, que Todo homem é um estuprador em potencial? Mesmo você como Pai/Homem não se sentir capaz de estupro?
Tenho uma teoria de que é parte do que impulsiona homens a apoiarem ideologias de extrema direita. Isso nada mais é do que um sistema de defesa respondendo a outro sistema de defesa. "Todo homem é um estuprador em potencial" mais do que um sistema de defesa, é quase que um ATAQUE PREVENTIVO. É como atirar pra cima pra avisar o ladrão que eu estou armado.
Mas a característica dos ataques preventios, é que eles tem a tendência de provocar outros ataques preventivos de volta.
Alguns homens não conseguem ficar em paz com esse pensamento, nem entendem a sua real utilidade. Pensamos: "Eu não sou estuprador" , "Não tenho isso em mim". Mas a ideia é passada muitas vezes de uma forma que você tem que aceitar sem questionar.
Porque pra as mulheres pode ser questão de vida ou morte, pra nós é mais questão de "honra ferida".
Para aceitar que sou um estuprador em potencial, devo me imaginar estuprando alguém, como essa visão é repugnante pra mim, eu não consigo aceitá-la. Não posso conviver com isso, nem explicar satisfatoriamente para mim mesmo. Não posso ficar com esse conflito em mim.
Alguma coisa tem que me ajudar a me livrar desse pensamento incômodo, que só pode estar errado, já que não sou estuprador.
Então eu sou levado ao "remédio" da ideologia de extrema direita. Pra ideologia de extrema dirteita, todas as reividicações feministas são falsas. É tudo constpiração comunista. Tudo fruto de um grande plano para acabar com a religião católica, acabar com a família, seja lá o que for.
Isso deve ser verdade. Tudo isso deve ser conspiração, porque se não for, eu preciso me aceitar como um estuprador em potencial, e isso não consigo.
Se o problema não está em mim, tem que estar no mundo. A maioria das pessoas é capaz de virar tudo de cabeça pra baixo, pra não ter que admitir que o problema está em si mesmo.
O que leva ao ponto onde estamos hoje. Homens são levados a cair nas garras das ideologias de extrema direita, que nada mais são do que o pensamento- ataque preventido ao pensamento de que  "Todo homem é um estuprador em potencial"
Se  "Todo homem é um estuprador em potencial", toda mulher passa a ser uma feminista castradora em potencial. Uma conspiradora comunista em potencial. E eu me defendo de um ataque que talvez nem venha a ocorrer, enquanto a pessoa se defende de um potencial ataque que eu nunca iria fazer pra começar.
E ai ano que vem o Bolsonaro pode ganhar. Sim, porque temos homens desesperados e em conflito interno com essa ideia e outras. Bolsonaro responde a esse vácuo psicológico, porque não apenas ele é antítese de toda a retórica feminista, bem como a antítese de todo o complicado discursso das mulheres. Entender mulheres e suas sutilezas é muto complicado. O discurso de Bolsonaro é simples. Fácil de entender. Direto e sem rodeios, como os homens pensam. Não importa se ele não tem capacidade de liderar nem duas pessoas. Ele está me salvando de mim mesmo. Ele está me dizendo que eu não sou um estuprador em potencial, e está tudo bem comigo. Não tem nada de errado comigo.
Em última análise nossa sociedade se torna o lugar onde despejamos nossos conflitos internos. Estamos todos ao mesmo tempo tentando mudar o mundo para não mudarmos nós mesmos.
E sim, isso também inclui as mulheres.
DJ.

sábado, 22 de abril de 2017

Olá amigos!
Diego J. aqui para apresentar a todos os novos cursos que estou ministrando na escola SKILLERS!
-ANIMAÇÃO
-QUADRINHOS
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Os dois estão com matrículas abertas!
Maiores Informações:
9.8853.0515
contato@skillers.com.br
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CURSO DE ANIMAÇÃO:
Venha estudar as principais técnicas clássicas e aprenda como fazer suas próprias animações!
Venha fazer parte desse time, desenvolver suas habilidades e ultrapassar seus limites!

O curso será realizado em mesa de luz tradicional.

01 Introdução: (01 aula)
-Histórico da animação e apresentação do curso.
-Histórico da animação como um todo e animação brasileira.
-Visão sobre animação: Artística versus comercial.
- Processo de animação com mesa de Luz
   
02-Noções básicas de animação: (02 aulas)
  -Tempo, espaço.
   Características da bola saltitante (Arcos, distância entre frames, peso, impacto no chão).

03- Métodos de animação (02 aulas)
  -(vantagens e desvantagens de cada um)
  -Animação por quadros chave
  -Animação direta
        -A união dos dois métodos.
   
   04-Tipos de quadros (02 aulas)
  -Quadros-chave (importância dos quadros chave, mostrar o ponto da cena, etc.).
  -Posição de passagem (Posição de passagem normal e alterada, como a posição de passagem é importante na atuação e flexibilidade).
  -Intermeios: Como fazer intermeios e como alterá-los. (erros clássicos de intermeios, outras características).

05- Comentários em espaço. (01 aula)
        -Animação em perspectiva
        -Squash e strech- Quando usar.
     
06- - Caminhadas: (03 aulas)
              -Quadros chave básicos de uma caminhada
              -Características de cada posição. Peso, movimento de cada parte do corpo.
              -Considerações gerais sobre caminhadas

07- Corridas e saltos (02 aulas)
           -Diferenças entre caminhadas e corridas
           -Diferentes velocidades
           -Saltos
   
08- Flexibilidade: (02 aulas)
           - Posição de passagem alterada
              -Partes que se movimentam separadamente (overlaping action)
              -Animação secundária
              -Antecipação
              -Acentos
                       
09- Peso. (02 aulas)
              -Considerações sobre peso, exemplos.

10-Criação de personagem e model sheet.  (02 aulas)
         -Como criar um model sheet, ou estudo de personagem.  
   
11-Storyboard e animatic (03 aulas)
               -Noções básicas de planificação.
               -Adicionando sons e efeitos e diálogos.
         
12- Atuação e LipSync- (03 aulas)
                -Noções de atuação dramática para animadores
                -Técnicas de realização de sincronismo Labial a partir de um som.

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CURSO DE PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:
O curso é dividido em duas partes:

Roteiro: Abordando aspectos específicos de escrita criativa, que inclusive podem ser aplicados a qualquer meio, não apenas quadrinhos.

Conceitos específicos dos quadrinhos: São abordadas questões sobre a linguagem dos quadrinhos, o que lhe é de característica única e peculiar. Como trabalhar nesse meio para conseguir seus objetivos narrativos.

 01- Roteiro: (03 Aulas)

Design em 5 partes:

- Incidente iniciante
-Complicações progressivas
-Crise
-Clímax
-Resolução.
-Exposição - Ambiente, biografia, caracterização.
-Uso de história pregressa
-Problemas e soluções
-Criação de personagem
-Dimensão de personagem
-Design de elenco

02- Conceitos específicos dos quadrinhos: (09 Aulas)

-Escrevendo com imagens
-As 5 escolhas
-As 6 transições

-Tipos de câmeras e características

-Clareza x Intensidade
-Intensidade x Persuasão.
-Design de personagem 02.

-Expressões faciais.
-Linguagem corporal

-Integração texto/ imagem
-Efeitos sonoros

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Meu currículo:



Esperamos todos lá!

Tudo o que você sempre quis saber sobre o Oigo!     (Mas não sabia a quem perguntar!)   Por Diego J.        Acho que o "verme" da...